quarta-feira, 15 de julho de 2009

...aqueles avisos tão graves para mim, eu os recebia perto das vitrines iluminadas, onde os presentes de Natal brilhavam. Ali pareciam estar expostos , naquela noite, todos os bens da Terra- e eu experimentava a embriaguez orgulhosa da renúncia. Era um guerreiro ameaçado: que importavam aqueles cristais cintilantes para as festas da noite, aqueles abajures, aqueles livros? Eu já me banhava nas brumas do céu; eu, piloto de linha, já mordia a polpa amarga das noites de vôo.
Antoine de Saint-Exupéry- Terre des Hommes



Observem o negrito. Essa é a renúncia que pretendo para mim. Eu já disse que esse francês doido sabia das coisas? Aliás, saibam que ele, com a eclosão da Segunda Grande Guerra, o veterano piloto alistou-se imaginando que conseguiria estar nas esquadrilhas contra os aviões alemães. Por sua idade fora designado para lecionar no ensino técnico. Mas não desistiu até conseguir uma autorização para voar. Já no fim do conflito, aos 44 anos, ele sobrevoou o Atlântico pela ultima vez e foi, significativamente abatido por um caça alemão.

Alguns diriam que fora um idiotice de Saint-Exupéry desejar pilotar para a morte. Eu digo que ele fez aquilo para qual ele fora designado fazer. Não por seu país ou exército -já que esses pretenderam lhe negar o direito de voar- mas pelo espírito de sua alma...

É tão bom ter fontes de inspiração como essa...

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